"A manifestação dos caixeiros de 15 Março de 1971 e a luta das 44 horas", por José Malaquias Pinela

15 de março de 2024

 

🗓️ Neste dia, há 53 anos, 5.000 caixeiros manifestaram-se no Largo de São Bento, tendo sido brutalmente espancados pela polícia de choque do regime fascista e mordidos pelos seus cães. Lutavam pela semana de 44 horas, mais concretamente pela publicação do seu CCT, no qual também se garantiam melhores salários, mais dias de férias, indemnizações por despedimentos, e igualdade salarial entre mulheres e homens. Este CCT nunca foi publicado pelo Governo fascista e as 44 horas semanais de trabalho só seriam conquistadas após o 25 de Abril de 1974.

 

Em 1971, "Primavera Marcelista" tinha acabado, e o Sindicato dos Caixeiros de Lisboa (actual CESP) nunca desarmou na resistência à repressão do Governo.

 

Às "eleições-farsa", responderam 2.000 trabalhadores na sede do sindicato para as travar.

 

À proibição das reuniões, ao policiamento dos sindicatos e à censura, responderam com plenários e assembleias com milhares de trabalhadores, mesmo vigiados pela PIDE ou cercados por polícia de choque.

 

Às ameaças e longos interrogatórios (por vezes de vários dias) a dirigentes sindicais e incitamento aos seus patrões para os despedir, responderam com unidade em torno do seu sindicato, não se deixando intimidar nem pelas infiltrações da PIDE para os dividir — a solidariedade dos outros sindicatos da recém-fundada Intersindical (actual CGTP-IN) foi fundamental.

 

"Os Trabalhadores do Comércio perderam uma dura batalha no dia 15 de Março de 1971, mas não há um só trabalhador (homem ou mulher) que tenha estado naquela concentração que não sinta um profundo orgulho de nela ter participado.

Nas novas condições criadas pelo 25 de Abril, os trabalhadores do comércio de todo o país conquistaram pela luta a sua maior e mais cara reivindicação da classe.

Pode-se mesmo dizer hoje sem exagero, que tal como a luta pela conquista da Semana Inglesa foi, ela também, causa do 25 de Abril, a sua defesa e manutenção será (é), um factor importante de mobilização e unidade dos trabalhadores do comércio em defesa do regime democrático"

 

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Em 2024, o CESP e os trabalhadores do comércio continuam na luta por melhores condições de vida e de trabalho. Apoia a nossa Iniciativa "Pelo Encerramento do Comércio aos Domingos e Feriados e Pela Redução do Período de Funcionamento até às 22h"!

A manifestação dos caixeiros de 15 Março de 1971 e luta das 44 horas

Prefácio

I — Introdução

II — A crise do regime fascista e a luta dos trabalhadores

III — Trabalhadores do Comércio

Anexos

 

A manifestação dos caixeiros de 15 Março de 1971 e a luta das 44 horas
- por José Malaquias Pinela
A manifestação dos caixeiros de 15 Março
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Faleceu JOSÉ MALAQUIAS PINELA, dirigente sindical do Comércio e Serviços e fundador da Intersindical em 1970

José Malaquias Pinela nasceu em Santiago do Cacém em 1935.
Filho de pai operário corticeiro e da construção civil e de mãe operária agrícola.
Aos dez anos de idade concluiu a 4ª classe. Aos catorze anos começou a trabalhar como operário corticeiro e da construção civil.
Aos quinze anos ingressa no MUD - Juvenil. Aos dezoito anos inscreve-se como militante do PCP de onde sai aos vinte e três anos.
Aos vinte e cinco anos começa a trabalhar no Comércio Retalhista em Lisboa.

Em Abril de 1970 conduziu o processo de conquista do então Sindicato dos Caixeiros de Lisboa ao controlo dos fascistas, e dirigiu, enquanto Presidente da Direcção, o processo de negociação dos Contratos Colectivos para os trabalhadores do comércio e a reivindicação da redução da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais, com descanso nas tardes de sábado e dia de domingo (semana Inglesa).
Nesse processo de intensa luta, nas condições difíceis do Fascismo, protagonizou a manifestação de milhares de trabalhadores do Comércio a S. Bento, residência do chefe do governo fascista Marcelo Caetano, na noite de 15 de Março de 1971. OS algozes fascistas reprimiram duramente os trabalhadores.
Na sequência dos intensos combates travados, em conjunto com outros sindicatos conquistados por trabalhadores sérios e democratas, da oposição antifascista, em 1 Outubro de 1970, participa, enquanto Presidente do Sindicato, na convocação da reunião fundadora da Intersindical e passa a ser um activo participante das  reuniões Intersindicais.
Em 1973 ingressa no INE, actual ISEG, no curso de economia que finalizou em  1978.
Após o 25 de Abril de 1974, é designado pela Intersindical, com Canais Rocha e Jaime Félix, para a comissão que junto do Ministério do Trabalho elabora a legislação sindical.
Entre 1975 e 1985, é Secretário Geral e depois Assessor Económico da direcção Nacional da Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio e Serviços (hoje FEPCES), tendo exercido papel destacado na reestruturação dos Sindicatos do
Comércio e Serviços e no apoio à Contratação Colectiva que veio a consagrar os direitos dos trabalhadores.
Em 1985, inicia a docência no ensino secundário tendo participado em diversas actividades internas da escola, incluindo a Presidência do Conselho Directivo.
Após uma vida muito preenchida, pela entrega a causas muito nobres como a defesa dos direitos dos trabalhadores e de cidadania e promoção do ensino e do saber, reformou-se em 2005.
José Malaquias Pinela deu um contributo indelével à causa da luta dos  trabalhadores e do povo, pela dignificação e libertação da opressão e exploração capitalista.
Lisboa, 6 de Novembro de 2014
A Direcção Nacional da FEPCES

FAUSTO GONÇALVES - O JORNALISMO DA CORAGEM POLÍTICA E DA LUTA SINDICAL

Ciclo de Conferências Fausto Gonçalves:
Fausto Gonçalves, Jornalista (Sindicato dos Jornalistas)
12 abr/13: 18h

Fausto Gonçalves, Sindicalista (CGTP)
19 abr/13: 18h

Fausto Gonçalves, o alentejano de Alma (Direção da Casa do Alentejo)
26 abr/13: 18h

Nascido em Tomar, no ano de 1899, filho mais velho de um abastado industrial e comerciante de calçado, José Gonçalo, sai de casa aos 17 anos, sem completar os estudos liceais.


Dado a convívios e leituras de cariz revolucionário, entrou, muito novo, em forte litígio com o ambiente familiar muito conservador, mesmo provavelmente reaccionário, gerado por seu pai.


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